A CRASE
CRASE é a fusão de duas vogais idênticas.
QUANDO OCORRE A CRASE:
1) PREPOSIÇÃO A + ARTIGO FEMININO A
Irei a + a Bahia. = Irei à Bahia.
Assisti a + a última peça de Dias Gomes. = Assisti à última peça de Dias Gomes.
2) Quando está implícito a expressão à moda de:
Era um texto à Camões.
3) Entre a preposição a e pronomes:
Assisti a + aquela peça de Dias Gomes. = Assisti àquela peça de Dias Gomes.
Assisti a + aquele jogo da seleção. = Assisti àquele jogo da seleção.
A aquilo chamam de líder? = Àquilo chamam de líder?!
4) Ente a preposição a e o pronome demonstrativo a(s) implícito ou não:
Todas as moças são bonitas, mas refiro-me à da ponta. (à = àquela)
5) Entre a preposição a e o pronome relativo a qual (as quais), sempre que o termo regente exigir
preposição:
Esta é a cena à qual me referi. (Aqui, à qual é o objeto indireto do verbo referir.)
6) Diante de pronomes possessivos em referência a substantivo oculto:
Falei a minha tia e não à sua.
QUANDO NÃO OCORRE A CRASE
1) Antes de verbo:
Estou acostumado a estudar.
2) Antes de palavra masculina:
Ele foi morto a tiro.
3) Com pronome pessoal:
Respondi a ela que não iria.
4) Em expressões formadas por palavras idênticas repetidas:
Gota a gota, frente a frente, ponta a ponta, cara a cara.
5) Antes de palavra de sentido indefinido:
Falou a uma pessoa.
Falou a certa pessoa.
Falou a qualquer pessoa.
Falou a cada pessoa.
Falou a toda pessoa.
LOCUÇÕES COM PALAVRAS FEMININAS
As locuções com palavras femininas não são um caso de crase, mas, sim, de acento diferencial. “Emprega-se o acento grave no à quando representa a pura preposição a que rege um substantivo feminino singular, formando uma locução adverbial.” (Evanildo Bechara)
Exemplos:
À força
Á míngua
À bala
À faca
À espada
À fome
À sede
À pressa
À noite
À tarde
À mão
À disposição
Às avessas
À beira-mar
Às centenas
Às escondidas
À frente
À mão armada
À parte
À perfeição
À primeira vista
À revelia
À risca
À solta
À toa
À vela
À vontade
Também ocorre com as locuções prepositivas, conjuncionais e adjetivas:
a) Prepositiva: à procura de, à frente de, à presença de, etc.;
b) Adverbiais: à distância, à vontade, à noite, etc.;
c) Conjuncionais: à medida que, à proporção que, à espera de que;
d) Adjetivas: bailes à fantasia, homem à-toa.
Segundo Rocha Lima, “Por motivos de clareza como para atender às tendências históricas do Idioma, recebem acento no a, independentemente da existência de crase, muitas expressões formadas com palavras femininas:
Apanhar à mão
Cortar à espada
Enxotar à pedrada
Fazer a barba à navalha
Fechar à chave
Ir à vela
Matar o inimigo à fome
Pescar à linha
À direita
À esquerda
À força
À força de
À francesa
À imitação de
À maneira de
À medida que
À míngua de
À noite
À pressa
À proporção que
À semelhança de
À toa
À ventura
À vista
À vista de
Nas expressões a seguir há a presença da preposição mais o artigo feminino a:
Às pressa (ou a pressa)
Às vezes (ou a vezes)
Às ocultas (ou a ocultas)
Às expensas de (ou a expensas de)
NÃO OCORRE ACENTO GRAVE EM LOCUÇÕES ADVERBIAIS COM PALAVRAS MASCULINAS
A pé
A caminho
A cavalo
A frio
A gás
A gosto
A lápis
A meio pau
A nado
A óleo
A postos
A prazo
A sangue-frio
A sério
A tiracolo
A vapor
Etc.
IMPORTANTE:
É comum no Brasil colocar o acento grave por motivo de clareza. Pode ser questão de concurso.
Observe:
Foi caçada a bala. ( A bala foi caçada)
Foi caçada à bala.
Bateu a máquina. (Deu uma pancada na máquina)
Bateu à máquina.
Cortou a faca. (Cortou a própria faca)
Cortou à faca.
Vendeu a vista. (Vendeu os olhos)
Vendeu à vista.
Coloquei a venda. (Colocou uma faixa nos olhos)
Coloquei à venda.
Tranquei a chave. ( A chave ficou trancada em algum lugar)
Tranquei à chave.
Pagou a prestação. (Pagou o que devia)
Pagou à prestação.
Lavar a mão. X Lavar à mão.
Fazer a mão. X Fazer à mão.
Veio a tarde. X Veio à tarde.
Combateremos a sombra. X Combateremos à sombra.
Aguardavam a cabeceira do doente. X Aguardavam à cabeceira do doente.
BIBLIOGRAFIA:
GRAMÁTICA CONTEMPORÂNEA DA LÍNGUA PORTUGUESA, José de Nicola e Ulisses Infante, ed. Scipione.
GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, Celso Ferreira da Cunha, MEC/FAE/RJ.
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA, Rocha Lima, Livraria José Olympio Editora.
MODERNA GRAMÁTICA PORTUGUESA, Evanildo Bechara, Companhia Editora Nacional.
NOVA GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA, Manoel P. Ribeirro, Metáfora Editora.
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