FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de Sintaxe ou Construção
1. Aliteração: consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes em palavras de uma frase ou de versos de uma poesia para criar sonoridade.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto”- Chico Buarque
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral”- Caetano Veloso
2. Elipse: omissão de termos facilmente subentendidos.
“Naquele país, muitos médicos competentes”. (havia)
3. Zeugma: consiste na omissão de um ou mais elementos de uma oração, já expressos anteriormente. O zeugma é uma forma de elipse.
“Onde queres família sou maluco
E onde queres romântico, burguês”- Caetano Veloso
4. Polissíndeto: repetição do conectivo coordenativo.
“Onde queres descanso sou desejo
E onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada nada falta
E onde voas bem alto sou o chão” - Caetano Veloso
“O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas...”
5. Hipérbato ou Inversão: Deslocamento de termos na oração ou de orações no período.
”Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante”.
Diz a mulher ao pobre homem.
6. Silepse: concordância ideológica.
a) Silepse de gênero:
Vossa Alteza parece aborrecido.
b) Silepse de número:
« A multidão clamou : justiça ! Caíram genuflexos diante do rei. »
Esse tipo de concordância só deve acontecer quando houver um relativo afastamento entre o coletivo e o verbo no plural.
c) Silepse de pessoa:
Todos fomos à Barra. (O sujeito está na terceira pessoa do plural, e o verbo na primeira do plural. Neste caso, a pessoa que fala se inclui entre as que foram à Barra)
7. Anacoluto : Quebra da estruturação sintática, ficando termo(s) sem função sintática na frase.
Os fantasmas, não tenho medo deles.
8. Pleonasmo: repetição de significado de vocábulo ou de termos oracionais (objeto direto, indireto e predicativo).
A mim, ensinou-me tudo.
O pai da noiva ria todo o seu riso.
« Vi claramente visto o lume vivo. » (Camões)
9. Anáfora: Repetição de vocábulo(s) no início de cada membro da frase.
« Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor » - Chico Buarque
Figuras de Pensamento
1. Antítese: consiste na oposição de duas ou mais ideias ou pensamentos.
« Eis, a mulher amada !
Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas » - Vinícius de Moraes
2. Ironia : ocorre quando dizemos o contrário do que pensamos.
« O seu aproveitamento na escola não podia Ter sido melhor : reprovado em apenas seis matérias».
3. Eufemismo: consiste no abrandamento de expressões duras ou rudes.
« Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro ».- Machado de Assis.
4. Hipérbole: exagero da expressão para reforçar uma ideia.
« Queria gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japonese
Mas tudo é muito mais ». - Caetano Veloso
5. Prosopopeia ou Personificação: atribuir características de seres vivos a seres inanimados.
« A lua,
tal qual a dona de um bordel,
pedia a cada estrela fria
um brilho de aluguel.
E nuvens,
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
_ que sufoco ! » - João Bosco e Aldir Blanc.
6. Apóstrofe: interpelação a alguém em meio ao discurso.
« Oh ! Musa do meu fado
Oh ! Minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril » - Chico Buarque e Ruy Guerra.
7. Gradação: apresentação de ideias em progressão ascendente ou descendente.
« Chega de tentar
Dissimular
E disfarçar
E esconder
O que não dá mais pra ocultar... »
« ...Nascendo
Rompendo
Tomando
Rasgando meu corpo
E então
Eu... » -Gonzaguinha.
Figuras de Palavras
1. Metáfora: comparar dois seres através de uma qualidade atribuída a ambos. Vem a ser uma comparação, mas sem a presença da conjunção COMO.
« Meu pensamento é um rio subterrâneo" – Fernando Pessoa
Meu coração tropical partirá esse gelo ».
2. Metonímia/Sinédoque: consiste em substituir o sentido de uma palavra pelo de outra que com ela apresenta relação constante.
EXEMPLOS :
Ganhar o pão com o suor do rosto. (suor em vez de trabalho)
Houve o emprego do efeito pela causa.
Ela completou quinze primaveras. (primaveras em vez de anos)
Houve o emprego da parte pelo todo.
« A reposta foi o povaréu levantar Ponciano entre gritos e algazarra. » (José Cândido de Carvalho)
O todo é empregado pela parte.
« Andava com o peito entreaberto na blusa. » (Raquel de Queiroz)
O continente foi tomado pelo conteúdo.
Vejo que leu José de Alencar.
Procura no Aurélio o significado daquela palavra.
O autor é empregado pela obra.
« Acendeu um goiano. » (Alcântara Machado)
A marca é empregada pelo produto.
As batinas civilizaram o Brasil.
A coisa possuída é empregada pelo possuidor.
O marfim de teus dentes.
O concreto é empregado pelo abstrato.
« O bonde passa cheio de pernas : pernas brancas pretas amarelas » - Carlos Drummond de Andrade
A parte é empregada pelo todo.
3. Catacrese: dar um novo sentido a um termo existente, fazendo com que ele passe a designar um outro ser semelhante.
Esquente o óleo e doure dois dentes de alho.
Eles embarcaram no avião.
O pé da mesa estava quebrado.
Ele descansava nos braços da poltrona.
Doía-lhe a barriga da perna.
4. Antonomásia ou Perífrase: espécie de metonímia porque consiste na substituição de um nome próprio por uma circunstância ou qualidade que a ele se refere.
O Mestre me chamou.
A Cidade da Luz amanheceu. (Paris)
O maior estádio do mundo. (Maracanã)
O Poeta da Vila.
O Genovês será herói ou vilão ? (Genovês = Colombo)
5. Sinestesia: misturar numa mesma expressão sensações percebidas por diferentes sentidos. (Lembrar dos cinco sentidos : paladar, oufato, visão, audição e tato)
Um grito áspero revelava todo o seu medo.
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos.
Vícios de Linguagem
1. Barbarismo: é o erro de pronúncia, grafia ou uso de uma determinada palavra.
Adivogado
Gratuíto
As luzes estão apagadas porque o fuzil queimou.
Gostaria de ver o menu
Coloque aqui a sua rúbrica.
O homem estava atraz do goleiro.
Os cidadões chegaram atrasados.
Você tem de retificar a sua presença até amanhã...
2. Solecismo: é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma.
Fazem dois anos que viajamos.
Visava uma posição de destaque.
Não encontram-me em casa.
3. Ambiguidade ou Anfibologia: a duplicidade de sentido em uma construção sintática.
O menino viu o incêndio do prédio.
Prenderam o porco do seu tio.
4. Cacófato ou Cacofonia: são sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação do final de uma palavra com o início da seguinte, que ao ser pronunciadas podem dar um sentido ridículo, ou apenas serem indístinguiveis entre si.
Mande-me já a encomenda.
Ela tinha apenas duas moedas.
Nossa equipe não marca gol
5. Pleonasmo: repetição de um termo da oração ou do significado de uma expressão, isto é, alguma informação que é repetida desnecessariamente.
Ele teve uma hemorragia de sangue.
A bola saiu para fora.
As crianças já entraram pra dentro.
6. Neologismo: criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.
O ministro se considerava imexível.
7. Arcaísmo: é o uso lexical ou gramatical de uma palavra ou expressão antiga, que já caiu em desuso.
Vossa mercê me permite uma observação ?
8. Eco: consiste na terminação de duas ou mais palavras de um texto serem as mesmas.
A decisão da eleição não causou comoção na população.
9. Estrangeirismo: É o processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na língua portuguesa.
Houve um black-out na cidade.
O office-boy ainda não chegou.
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