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O ARTIGO DE OPINIÃO



O ARTIGO DE OPINIÃO

É muito comum em nossa vida diária termos que nos posicionar diante de certos temas que circulam socialmente. Por exemplo, a pena de morte é uma saída para conter a violência? Uma mulher grávida deve ter o direito de interromper a gravidez de um feto anencéfalo? A televisão deve sofrer algum tipo de controle?

Como resposta a essas e outros temas polêmicos, são publicados em jornais e revistas artigos de opinião, nos quais o autor expressa seu ponto de vista sobre o tema em discussão.


QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO?

1) Texto argumentativo que difunde a opinião de uma pessoa sobre um tema polêmico em debate na sociedade;

2) Circula nos meios de comunicação em geral: jornais, revistas, rádio e TV;

3) Tem como estrutura básica uma ideia central que resume o ponto de vista do autor e sua fundamentação com base em argumentos construídos a partir de verdades ou opiniões;

4) Usa a variedade padrão formal da língua.

EXEMPLO DE ARTIGO DE OPINIÃO

Agora analise este artigo de opinião que fala sobre o programa de cotas adotado pelas Universidades Públicas Brasileiras.

O "olhar branco"

Marcelo Tragtenberg

[...]

Sobre as cotas, é falso dizer que o vestibular fornece oportunidades iguais a todos os candidatos, como sugeriu Demétrio Magnoli em artigo na Folha (pág. A3, 29/7/03): "o filho do ministro, juiz ou deputado torna-se um plebeu". É a falácia da democracia formal - quem frequenta escolas melhores, não precisa trabalhar, tem pais formados em universidades e não sofre racismo já sai na frente.

Por outro lado, será que a nota num vestibular deve ser o único critério de entrada na universidade? No livro "The Shape of the River" ("A Forma do Rio"), os reitores das universidades Princeton e Harvard analisam o efeito de longo prazo das admissões com critérios raciais em universidades dos EUA (não existem cotas para negros nessas universidades desde 1978, mas critérios étnicos de pontuação). Eles defendem ardorosamente a manutenção desses critérios, complementares às notas no exame nacional norte-americano (SAT).

Será que alguém contesta o mérito dessas universidades? Só que as notas no SAT são pouco para gerar classes com diversidade racial suficiente para que brancos e negros convivam e se preparem para uma sociedade plural, questionando o "olhar branco". Onde foram extintos os critérios raciais de admissão (Califórnia e Texas), a entrada de negros e hispânicos na universidade baixou dramaticamente. Já no nosso Brazilzão, é notável o "olhar branco" da academia e dos meios de comunicação, que toleram a falta de diversidade na nossa universidade e não consideram aberrante que apenas 2% dos alunos da USP sejam negros. São as universidades públicas que formam a maioria dos quadros do poder na nossa sociedade. Por outro lado, a Universidade Harvard tem critérios raciais até para admissão de professores, pois os alunos precisam conviver com professores negros.

Argumenta-se que os profissionais negros das cotas serão discriminados. Isso não tem nada a ver com cotas. Eles já o são! É preciso intervir no mercado de trabalho, exigindo algo como nos EUA (que a proporção de empregados corresponda à composição racial local).

É preciso um leque amplo de ações afirmativas para tornar o Brasil mais plural. Deve haver maior presença de negros na TV, como propõe o senador Paulo Paim. [...]

Uma sugestão, que minimizaria conflitos, seria aumentar imediatamente as vagas e as verbas nas universidades públicas que façam um esforço pela diversidade, ampliando o acesso e a permanência de negros, índios e pessoas de baixa renda, com programas de apoio financeiro e pedagógico.

Marcelo H. R. Tragtenberg

(Folha de S. Paulo, 13/10/2003)

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