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O ROMANTISMO E O GÊNERO ROMANESCO

Os primeiros sintomas do que virá a ser conhecido como espírito romântico nascem da revolta contra a predominância do gosto clássico francês na Europa. Na Inglaterra, Spencer, Shakespeare e as velhas baladas inglesas são revalorizadas, e os alemães, por sua vez, passam a cultuar as antiguidades nórdicas e nacionais, a poesia legendária e o lirismo voltado para a natureza.


Herder define, então, a poesia como sendo a expressão dos elementos primitivos e originários do universo.


O PRÉ-ROMANTISMO


Os pré-românticos, segundo Paul Van Tighen, aparecem a partir do segundo terço do século XVIII, primeiramente, na Inglaterra e na Escócia, depois, na França e Suíça, e, posteriormente, na Alemanha.

Surge o gosto pelo romance gótico, ou misterioso, que teve grande aceitação junto ao publico ávido de fortes emoções.

Os alemães tinham grande admiração por duas figuras:

1º Rousseau que tornou-se um dos porta-vozes das novas tendências que já vinham se delineando ao defender a tese de que o homem é um ser naturalmente bom. Coloca a culpa de todos os desvios do comportamento humano na sociedade esquecida de que a felicidade só poderia ser alcançada mediante um pacto harmônico com a natureza por si mesma e feliz. Rousseau acreditava na alma imaterial e imortal e no livre arbítrio;

2º Diderot que era dotado de uma imaginação inesgotável. Foi um apaixonado por todas as questões de Estética.



Nasce, então, o movimento do Sturm un Drang (Tempestade e Ímpeto). Este movimento considerava o mundo como algo fundamentalmente incompreensível, misterioso e desprovido de significado.

O pré-romantismo, na França, divide-se em duas vertentes principais: uma desbravada por Diderot e a outra por Rousseau.

Na verdade, com exceção feita a Diderot e Rousseau, o Pré-Romantismo Francês foi um tanto tardio na medida em que só produziu obras de inegável importância na primeira década do século XIX.

O HERÓI PRÉ-ROMÂNTICO


No domínio do romance confessional, que também chamamos de romance interior, três obras nos parecem as mais representativas do período:

La Nouvelle Heloïse de Rousseau, Werther de Goethe e René de Chateaubriand.

Rousseau, em La Nouvelle Heloïse, mostra os recursos que a natureza pode oferecer à inspiração, descobrindo correspondências entre a paisagem e a alma que se tornarão familiares ao lirismo romântico.

Werther , de Goethe, é o protótipo de uma longa linha de infelizes cujas ânsias e buscas permanentes acabam por levá-lo ao suicídio. A inabilidade para adaptar o seu ego às demandas do mundo cirdundante e a dissonância entre o que idealiza e a realidade são a essência do que foi denominado "mal do século".

O herói de Goethe sugere, mais do que exprime, um grande protesto contra os procedimentos oriundo da aristocracia contra as leis e seus pré-julgamentos.

A personagem mergulha num estado geral de insatisfação com seu próprio destino, de desgosto diante da vida. Em alemão, este sentimento teve o nome de Weltschmers.

René, de Chateaubriand, apresenta o desejo da evasão, não só da sociedade, mas de todo o convívio humano. Este desejo de evasão está intimamente ligado à aspiração ao desconhecido, ao infinito, a um certo sentimento indefinido de ser atingido: Sehnsucht.

O ponto crucial da tragédia do herói é a sua impossibilidade de sair de si mesmo. Daí ser ele incapaz de encontrar uma solução externa porque o problema é interno. Sente-se rejeitado pela sociedade, pelo poder. Como características básicas de sua personalidade destacam-se a introspecção, a instabilidade emocional e o sentimento nebuloso de que experimenta alguma coisa de diferente. As lágrimas são frequentes, pois tudo é motivo para desencadear um estado de emoção excessiva.


O ROMANTISMO E O ROMANCE


A realidade aparece ao herói, ou como uma ilusão, ou como pura convenção. Abre-se uma ferida muito profunda: dá-se o abismo entre a realidade e o sonho. Então, rejeita-se o mundo da forma mais radical: optando-se pela morte e pela loucura. Na verdade, a fatalidade romântica já é, de alguma forma, uma morte antecipada.

Todos os românticos mergulham no culto à infância, à idade mágica por excelência porque ela ignora a tirania do bom-senso, da objetividade, do racionalismo. Na infância, ocorre a apologia ao sonho e à natureza.

Romance de aventura - Robson Crusoe de Daniel Defoe.

O Romance Histórico originou-se da via traçada pelo escocês Walter Scott.



O ROMANCE NO ROMANTISMO BRASILEIRO


Entre nós, o movimento romântico é tardio e deve sua principal originalidade ao lugar que o indianismo irá ocupar.

O nacionalismo romântico apresentou-se no Brasil sob a forma do regionalismo ( O Gaúcho, O tronco do Ipê, O Sertanejo) e do indianismo. Nota-se, nestes últimos, o mito do "bom selvagem" de Rousseau juntamente com a restauração do mito da infância. Como exemplos, O Guarani e Iracema de José de Alencar.

Em síntese, o romantismo é um fenômeno libertário em múltiplos aspectos: pela ruptura com os rígido cânones da estética clássica, abre caminhos para a pesquisa formal de que resultam misturas de gêneros, como o romance lírico e o drama; pela adoção do subjetivismo contraposto ao racionalismo, valoriza os temas do eu, do oculto e da evasão, antecedendo descobertas freudianas e surrealistas; pela rejeição ao código de valores, gosto e comportamento da monarquia absoluta, põe em realce um sistema alternativo no qual o grotesco, o macabro, o paródico e o popular passam a ocupar um lugar de destaque na elaboração da trama romanesca.


Resumo

Fonte: Maria Lúcia Aragão



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